quinta-feira, 7 de março de 2024

Tornados, destruição e novas paisagens

 Com meu aniversário chegando novamente sinto que é hora de sintetizar tudo o que o ultimo ano foi e representou para mim. Tive a oportunidade de sentir os extremos que os sentimentos podem nos levar, de uma ponta à outra, algo que há muito não acontecia e mesmo olhando em retrospecto para escolhas das quais me arrependo, esse caminho me levou ao reencontro de mim mesma, que reuni as peças encontradas pelo caminho e finalmente consegui juntar todas elas, me reconhecendo nessa figura nova e ao mesmo tempo tão familiar.

Esses últimos dois meses, em que não por coincidencia reativei este blog, foram um misto de euforia, sobrecarga, ansiedade, medo e ironicamente um novo ânimo e fôlego pra planejar meu novo ano, colocar meus objetivos literalmente no papel e deixar as garras tão sutis do confortavel e o comodo de lado. Foi como despertar de um sonho, de uma dormência. 


segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Baú de memórias - Exorcizamus Te, Omnis Immundos Spiritus

Esse é o segundo post da série "Baú de memórias", onde vou resgatar alguns textos de escrita terapeutica que me sinto à vontade para compartilhar! Para ler o primeiro, clique aqui


Publicação de 21/12/2017 - Há 6 anos atrás, eu pensava que...

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Ás vezes sinto como se um demônio vivesse empoleirado em minhas costas.

Esse demônio que me impede de fazer as coisas que desejo, que preciso... E que parecem tão simples de serem feitas. Fico me perguntando porque me sinto tão incapacitada de me mover diariamente se não tenho motivos aparentes que me impeçam, de fato. Nada além desse "demônio da inércia".

Não posso negar que 2016 e 2017 foram e ainda são os melhores anos de minha vida até aqui, pelos motivos que citei em posts anteriores. Mas o mesmo fato ainda me persegue: Eu poderia ter feito mais. Poderia ter sido mais.

domingo, 7 de janeiro de 2024

Retrospecto

 Não sou grande fã de fazer textão de retrospectiva do ano que se passou pois sempre achei um tanto brega e clichê demais. Mas decidi abrir uma exceção porque o ano que passou foi um divisor de águas em muitos aspectos da minha vida. Mas calma, não vou expor ou descrever quais fatos me ocorreram, mesmo porque boa parte deles foi muito pessoal e não diz respeito somente à mim. Quero falar sobre as transformações internas que me ocorreram por conta desses acontecimentos. Serei breve.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Baú de memórias - Razões para agradecer

Esse é o primeiro post da série "Baú de memórias", onde vou resgatar alguns textos de escrita terapeutica que me sinto à vontade para compartilhar! 

Publicação de 05/12/2017 - Há 6 anos atrás, eu pensava que...

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Ás vezes o pessimismo se torna um vício. A auto crítica, sempre acompanhada da insegurança e de pensamentos negativos, enraizados em nossas mentes, criados por mecanismos de identificação com situações passadas... Com coisas que colocaram em nossas cabeças e nos fizeram acreditar e tomar por verdade absoluta. Talvez nos fizeram crer que éramos menos do que realmente poderíamos ser, ou que não merecíamos algo de especial na vida, ou talvez que jamais poderíamos ser aquele alguém que desejávamos (se é que realmente já não éramos). Nosso eu encoberto por uma caricatura de nós mesmos, desenhada por mãos manipuladoras, talvez invejosas, intransigentes... mas certamente, venenosas. Tóxicas. Tão tóxicas que mesmo quando elas vão embora da sua vida, deixam uma bagunça atrás de si, dentro da sua cabeça.

I'm back from the dead


 Ai, ai, ai... esse talento para escrita não me deixa em paz mesmo. Sempre tive alguns problemas com a minha auto estima. Conforme o tempo passa, conforme eu fico mais velha e mais madura, consigo enxergar isso. Consigo enxergar a mim mesma como um adulto observando os comportamentos de uma criança. Às vezes rindo enquanto observa, às vezes se preocupando. No caso do que me levou à escrever esse post e ressucitar esse blog, foi meu talento para escrita. Calma, não estou dizendo que sou uma Clarice Lispector da minha geração, mas, olhando em volta para a grande massa que não parece ter ou demonstrar talento nenhum para nada além de falar muita baboseira na internet ou gravar dancinha para derreter neurônios, poxa, eu tô bem de talento real viu!

Pois bem, o que a Thamy adulta observou da Thamy criança nos últimos meses era que eu estava enterrando meu talento para escrever. Escrever sobre a vida, sobre as minhas convicções, sobre as minhas reflexões e filosofias. Me expressar, registrar esse "eu" que sou agora e que provavelmente não serei para sempre. E, como em quase cem por cento dessas situações, eu me toquei disso através de outras pessoas. Quando a gente tem uma auto estima meia boca, só se toca quando alguém chega e fala algo que te acende uma luz na mente. No meu caso, uma tia comentou que eu deveria estar ganhando dinheiro para escrever pois eu o faço muito bem. Fiquei lisonjeada, agradeci, mas logo abanei esse pensamento porque eu não estou disposta a ir atrás disso, já tenho minha carreira e estou bem confortável nela. Só que isso ficou na minha cabeça. Se eu não quero escrever por dinheiro, quero coisa melhor do que escrever por prazer? E melhor ainda, poder escrever tudo o que eu quiser, sem precisar obedecer à agenda alguma de ninguém?

Os últimos meses da minha vida também foram de um profundo mergulho dentro de mim mesma. De auto análise, auto conhecimento, de mudança de visão e filosofias de vida. Esse mergulho foi extremamente transformador. Não só internamente mas com relação às outras pessoas, às minhas relações e de forma geral, um olhar mais ampliado de como as pessoas vivem, se comportam, pensam. E como eu discordo MUITO de 90% do comportamento delas. Sim, talvez eu seja um alien. Não lamento isso. Fato é que tudo o que vivi, não só nos últimos meses, mas nos últimos anos desde meu último post por aqui, criou uma bagagem que me sinto reconfortada, orgulhosa e muito segura de ter. E já que estou nessa jornada para dentro de mim mesma, porque não resgatar esse talento, que no meio de tantos outros que tenho e expresso, estava deixado de lado, negligenciado.

Me dei conta de que a escrita sempre foi o melhor meio pelo qual eu consigo me expressar com excelência. É o meio que eu consigo deixar tudo claro, colocar todos os meus pensamentos em ordem, colocar tudo o que eu quero para fora. A escrita foi o meio onde consegui superar meus problemas com meus pais e consegui resolver pendencias em outros relacionamentos também. A escrita é a minha linguagem, definitivamente. 

Por isso, com o intuito unicamente de ter onde me expressar, voltei a escrever. Não espero que ninguém leia ou se interesse porque hoje as pessoas não gostam de quem tem talento, gostam de quem tem fama. Mas, se o que eu escrevo aqui servir para a edificação de uma ou duas pessoas, já me dou por mais do que satisfeita. Isso é por mim e para mim. Claro, fiquem à vontade para trazer conversas e discussões, vou amar.

Além deste blog aqui eu tenho outro, totalmente privado, que inclusive usava de forma terapeutica (!) mas nunca publiquei nada de lá. Meus planos para os proximos posts são trazer alguns textos que escrevi lá, devidamente filtrados, pois acho que meus pensamentos e depoimentos de experiencias passadas podem servir para alguém que precise ler aquelas palavras. Vou criar uma espécie de série "de volta ao passado" e postar em doses homeopáticas, acho que vai ser uma experiencia interessante para mim reviver essas coisas que apesar de não serem muito bonitas, construiram quem sou hoje. 

Seguimos.



quinta-feira, 2 de julho de 2020

Memento Mori

Morte. Fim. Cortinas se fechando. O quão desesperado você se sente quando pensa nesse momento final? Ou se não sente desespero, o que sente? Desamparo, medo? Talvez essa resposta dependa das suas crenças espirituais e/ou filosóficas, mas em algum momento, todos nos deparamos com a consciência de que este é o nosso destino final nessa dimensão ao menos. Com a consciência que a vida como conhecemos e na qual estamos, de certa forma presos, um dia vai acabar.


A quarentena tem me proporcionado muito tempo para pensar sobre as questões mais sutis da vida, talvez mais do que pensar, sentir. A falta daquela tão conhecida rotina robótica me permitiu sentir com mais intensidade certas coisas que estavam dormentes no vórtex do dia a dia. Então, não tenho muito o que escrever sobre rotina e tenho muito o que dizer sobre questões mais elevadas.

Confesso que a morte com o fim de uma longa jornada me desperta um sentimento ambíguo: parece um alívio e uma tristeza caracterizada por um fim, um apagar de luzes, uma escuridão eterna. Um não mais existir. Um alívio pois, em boa parte das vezes, morrer de velhice me parece a melhor forma de morrer. A viagem foi concluída, passando por todas as fases, todas as realizações, todos os lugares e sensações. Legados são deixados. É como a satisfação de ver um grande e belo trabalho concluído.


Por outro lado você sabe que ali é o fim. Não há outra chance para aquela vida, não há como voltar no tempo. Simplesmente, não há mais nada que essa existência possa oferecer. E me pergunto como deve ser a sensação desse último fechar de olhos. Se é sufocante ou leve como cair num sono profundo. Se a nossa consciência se desliga como um aparelho desativado ou se cai no abismo aos poucos enquanto encaramos os rostos de nossos entes queridos a nos acompanhar nessa última partida. Me pergunto como é morrer sozinho, sem ninguém para encontrar um olhar reconfortante nesse momento.



A coisa que mais me dói sobre morrer é que até as nossas próprias mortes são efêmeras. São apenas um momento no tempo. Seremos esquecidos com o passar dos anos e os vivos seguirão com suas vidas para sempre e sempre, geração por geração. O que mais me dói é a efemeridade daquele momento de pena, de pesar. O que mais me dói é saber que o nosso fim é solitário e que nunca mais vamos poder desfrutar dessa vida uma segunda vez, enquanto os mais novos ainda tem anos e anos pela frente, os quais, não poderemos acompanhar e dividir. Nosso tempo de vida é breve demais, os anos voam como minutos. Construímos nossas vidas hoje para vê-las terminarem amanhã.

Eu não acredito muito que exista um pós vida, ou pelo menos, não como muitas crenças apregoam. Acredito que cada existência e jornadas são únicas e ainda que haja algum tipo de retorno, nenhum nunca será igual ao outro ou uma continuação do anterior. Mas isso é apenas a minha visão e ninguém tem que concordar com ela. Acho que algo em que todos concordamos é sobre a melancolia e impotência que temos diante da morte. Talvez esta, como o amor, seja uma das maiores maldições da nossa existência. Inevitável. Irreversível. Sem misericórdia.






domingo, 17 de maio de 2020

Moody ghoul in the house

Não falta muito agora para completar três meses que toda essa loucura mudou grande parte da minha rotina. No começo até que foi fácil me adaptar, afinal de contas, não posso negar que precisava de um descanso ao menos físico da rotina de trabalho. Engraçado tudo o que se nota quando você "olha fora do caixão", minha vida estava totalmente no piloto automático, num vórtex de cansaço, reclamação e frustração. A pior parte é perceber que mesmo com uma rotina diferente, esse vórtex achou um jeito de rastejar pelos cantos mais sutis da minha mente e aos poucos retomou seu controle maléfico. Foram poucas a semanas que consegui manter um ritmo de vida saudável, física e mentalmente.


Essa semana tive a oportunidade de ler um texto de uma psicóloga explicando o efeito da quarentena sobre as pessoas e fiquei muito surpresa em me enxergar em tudo aquilo. A falta de ânimo, as alterações de humor, o apetite exacerbado, a nostalgia, a fadiga e sono constantes, o sentir-se doente mesmo fisicamente saudável e por fim, a morte do prazer em tudo o que antes proporcionava êxtase. Por um lado foi reconfortante saber que nem tudo que eu penso estar quebrado na caixa de pandora que chamo de cabeça, o está em realidade por culpa da minha pré-disposição a não funcionar direito. Às vezes são apenas nossos mecanismos misteriosos agindo, a despeito de qualquer vontade consciente.


De qualquer forma, tem sido uma guerra interna entre a vontade de ficar no sofá e o ímpeto cada vez mais fraco de cumprir minhas tarefas. Confesso que meu ninho tem ganhado em disparada. Será que estamos fadados a sucumbir ao nosso próprio organismo? As pessoas que conseguem se superar realmente devem esse mérito apenas a sua força de vontade ou elas possuem alguma pré-disposição que lhes permite vencer? Em que posição nós, meros mortais auto sabotadores devemos nos colocar? Até que ponto devemos respeitar nossas limitações e a partir de que ponto vira comodismo? Eu ainda estou tentando descobrir como funciona para mim.

Enquanto isso, eu sigo na montanha russa quarentenesca, desejando mais do que nunca que tudo isso se acabe. Nunca senti tanta falta da minha vida noturna e da companhia dos poucos que consigo chamar de queridos. Nunca antes, na minha fase atual de vida, as coisas haviam sido vistas sob um espectro de cores tão cinza. Um cinza nada reconfortante.